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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

26. Ayurveda . Meditação


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"A meditação é um procedimento que se utiliza de alguma técnica específica (claramente definida), envolvendo estado alterado de consciência com relaxamento muscular em algum ponto do processo e relaxamento da lógica; é um estado necessariamente auto-induzido, utilizando um artifício de auto focalização (cognominado de âncora) e valorizando a auto percepção não sensorial."(1)

O ato de meditar, como definição fisiológica, é caracterizado por um estado alterado de consciência, no qual o organismo se encontra em estado hipometabólico, dominado na grande maioria das vezes pelo sistema nervoso autônomo parassimpático, estando ainda o indivíduo em vigília. Mas, isso nem de longe reflete e explica definitivamente o que vem a ser meditação, por isso descreveremos algumas escolas de meditação mais conhecidas:
. Meditação transcendental (MT): ... A sua de meditação consiste, entre outras coisas, em concentrar-se em um som específico e repeti-lo inúmeras vezes.
. Meditação do Yoga: ..., o ponto de fixação da mente é a observação dos pensamentos, para que esse fluxo incessante seja progressivamente reduzido. ...
. Meditação budista: ... . Dentro dessa linha do budismo existe a meditação tibetana. Esta funciona na medida em que o praticante centra-se em uma imagem, um lugar, uma cor, uma mandala etc. As pesquisas assinalam que a concentração em um ponto específico, seja ele visual ou sonoro, pode ativar inúmeras áreas do encéfalo, desencadeando uma série de mudanças fisiológicas.
. Siddha-yoga ou Kundalini-yoga: O objetivo da meditação e de toda a prática é despertar a Kundalini. O elevar da kundalini supostamente conduz o praticante ao samadhi, como em todos os sistemas de Yoga."(2)
 
Consciência
 

Devemos entender nossa consciência não apenas com conhecimento e leitura, mas com reflexão e meditação.
O Ayurveda e o Yoga dividem o campo mental em Mente Interior, Inteligência, Mente Exterior e Ego.
Conforme o Ayurveda, a Consciência é a Mente Interior ou Campo Mental Superior.
A Mente Interior é denominada de Consciência e tem nível de percepção mais profundo do que nossos pensamentos comuns mas ela é uma mente "condicionada", limitada no espaço e no tempo. Já Consciência não condicionada consiste no verdadeiro "Eu", que vai de todo o envolvimento da mente, ideias, emoções e sensações.
O caminho do desenvolvimento espiritual reside na passagem da consciência condicionada para a consciência não condicionada.
Não existem limites para a profundidade e o alcance da consciência.
Em sânscrito, a Mente Interior é chamada de Chittaque significa "estar alerta".
Chitta também quer dizer coração, não o coração físico mas no coração espiritual, no âmago do sentimento e conhecimentos profundos. Lugar onde se aloja.
É aí que o Ayurveda difere da Medicina Moderna. Para o Ayuveda a consciência exterior é que se localiza no cérebro. Chitta conserva nossas aspirações mais fortes, nosso amor, nossa criatividade e as experiências e nossas vida, constituindo o nível em que os traumas mais afetam. Temos de chegar a esse nível para eliminar mágoas, hábitos e vícios profundamente arraigados, o que requer tirar as camadas exteriores da mente. Precisamos, também, cuidar dela com impulsos superiores.
A Inteligência é o poder da Percepção. Se a usamos satisfatoriamente, respeitamos nosso corpo e o mundo que nos cerca, além de usarmos as coisas de modo sensato e apropriado. Criamos um tipo de vida que nos permite viver melhor e mais. O termo sânscrito Buddhi significa inteligência. Quando o Buddhi se desenvolve plenamente, ela se torna um Buddha, ou um ser iluminado.
A Mente Exterior é O Campo dos Sentidos. Nossa vida em torno das impressões sensoriais. Precisamos sempre selecionar, filtrar e organizar esses dados. A maior parte do que chamamos de mente é essa parte superficial da consciência. Essa Mente Exterior é chamada de Manas, em sânscrito e significa "instrumento do pensamento", e consiste nos sentidos, nas emoções e no pensamento exterior.
O Ego e o eu Inferior é a busca da Identidade. Ego é chamado de Ahamkara em sânscrito e significa "eu processo". Constitui um processo de auto identificação onde associamos nosso ser interior a algum objeto ou qualidade do mundo exterior, nos identificando como um corpo distinto. O Ego é bem diferente de nosso verdadeiro EU SUPERIOR - ATMAN, que é desprovido de objetividade e está acima de todas as formas e condições mentais e físicas, sempre desapegado e alerta.

 
Equilíbrio da Consciência
 

O Ayurveda fornece uma compreensão muito especial para a designação das forças fundamentais da Natureza e nos mostra como elas podem existir dentro das atitudes e refletir em todos os níveis. Conforme o Ayurveda, a natureza apresenta três variedades de manifestação, que são as principais forças e que determinam o desenvolvimento da consciência. A busca da verdade que habita dentro de nós é realizada através do desenvolvimento das energias puras.
Essas forças são chamadas de Gunas e significa "O que ata". São elas:
SATTVA - a inteligência que produz o equilíbrio e a virtude;
RAJAS - a energia que causa o desequilíbrio e a instabilidade;
TAMAS - a substância (matéria) que cria a inércia e leva à perdição.

Os três Gunas são as qualidades mais sutis da natureza, e fundamentam a matéria, a vida e a mente.
Eles constituem as energias por meio das quais não apenas a mente superficial mas, também, a nossa consciência mais profunda funciona.

 
 
 
Emoção / Equilíbrio da Consciência
 

Sempre que a emoção é envolvida numa situação, conteúdos do inconsciente podem influenciar. Você pode ter reações a determinadas situações que nem sempre entende, pois estas são contaminadas por conteúdos inconscientes. A impulsividade é agir sem pensar. A agressividade também. A ação é totalmente contaminada pela emoção. Sempre que você sentir que está perdendo o controle, perceba que pode estar sendo influenciado pela sua emoção. A razão não faz parte do inconsciente, apenas consciente. A tendência em perder o controle da situação é muito forte quando conteúdos inconscientes atuam. Por isso é preciso buscar conhecer a origem de suas reações e comportamentos, tornando os conteúdos inconscientes em conscientes, obtendo-se assim, mais controle e desapego sobre as próprias reações.
O Ayurveda visa deslocar a mente de TAMAS para RAJAS e, num estágio posterior, para SATTVA. Isso significa passar de uma vida de ignorância e voltada apenas para o corpo (Tamas) para uma vida de vitalidade e de auto expressão (Rajas) e, por fim, para uma existência de paz e de iluminação (Sattva).

 
Exemplos de como Desenvolver as Funções da Mente
 

Chitta: Pranayama, recitação de mantras, meditação sobre o espaço infinito ou sobre o vácuo, concentração e técnicas de atenção, Samadhi, dedicação (Bhakyi Yoga) e conhecimento (Jnana Ioga) combinados ...
Buddi: Concentração, meditação, exame de si mesmo, mantras, contemplação das verdades universais, desenvolvimento da consciência e da ética, autodisciplina ...
Manas: Devoção, autodisciplina, mantra, meditação sobre a luz interior e o som interior, visualização, trabalho, regime alimentar correto ...
Ahamhara: Aspiração espiritual, serviço desinteressado, exame de si mesmo ...

 
Objetivos da Meditação
 

- Facilitar o centramento, o equilíbrio emocional. Acalma as ondas mentais tranquilizando a mente.
- Treinar a força de vontade do corpo e da mente, desenvolvendo a auto confiança e a auto estima.
- Aumentar o poder de concentração, reduzir o estresse, a ansiedade e combater a depressão.
- Treinar a auto observação, incentivar o auto conhecimento de forma a criar um ambiente onde as pessoas se sintam estimuladas a se observarem, a se cuidarem e a se relacionarem de forma saudável, respeitosa e solidária.
- Melhorar a saúde física, mental e emocional.

O termo meditação é o ato de focar a atenção em um determinada ponto ou objeto com o intuito de acalmar as ondas mentais.
Dhyana, o termo sânscrito que se refere à meditação, é definido como um fluxo ininterrupto do pensamento direcionado ao objeto de concentração.
Na prática da meditação, uma sucessão de ondas mentais idênticas são criadas na mente e isto é feito tão rápido que nenhuma onda se dissolve antes que oura onda surja para o tomar seu lugar. O efeito é uma continuidade perfeita. O processo é comparado ao ato de despejar óleo de uma vasilha em outra em fluxo estável e contínuo. Gandhi disse: "Seja a mudança que deseja ver no mundo". Para isto é necessário assumirmos a responsabilidade de nos observarmos, nos conhecermos e nos transformar. Para nos conhecermos em todos os níveis, consciente, inconsciente e subconsciente, é necessário um estudo honesto de nós mesmos. A chave para o auto conhecimento é a meditação.
Um programa de 15 a 20 minutos treina o corpo e a mente a manter-se num estado de tranquilidade e relaxamento profundo durante o resto do dia e prepara o praticante para enfrentar com serenidade os desafios da vida.

 
Pontos que devem ser observados na preparação para a meditação:
 

Alongamentos: Usados como forma de deixar o corpo mais aberto, sem bloqueios. Podem ser escolhidos 1 ou 2 exercícios que alongue os principais músculos da parte anterior do corpo, 1 ou 2 que atuem na parte posterior,1ou 2 que atuem nos laterais e 1 ou 2 para a região do pescoço.
Alinhamentos da postura:
1. Quadris na mesma altura do joelho.
2. Apoiar os ossos de assentar (ísquios) permitindo a criação de uma curvatura natural da coluna lombar.
3. Abrir o peito, alongar a coluna e alargar os ombros.
4. Manter os braços perpendiculares ao chão, apoiando as mãos sobre as coxas.
5. Manter as orelhas na mesma linha que os ombros e os quadris (queixo paralelo ao chão).
Posturas:
1. Sukhasana - sentado de pernas cruzadas, com uma perna apoiada sobre a outra.
2. Siddhasana - pernas cruzadas, um calcanhar na frente do outro.
3. Vajrasana - sentado sobre os calcanhares, joelhos unidos, mãos sobre as coxas.
4. Virasana - sentado entre os calcanhares, joelhos fletidos, mãos sobres as coxas (pode-se usar um apoio sob o quadril).
5. Ardha Padmasana - sentado de pernas cruzadas, com a perna direita cruzada sobre a coxa esquerda.

 
Técnicas mais utilizadas:
 

1. Focar na respiração.
2. Focar no espaço entre a inspiração e a expiração.
3. Focar no coração.
4. Focar em um som ou palavras sagradas.
5. Observar os pensamentos.
6. Testemunhar o próprio estado interior.

(1). Danucalov M.Á.D. & Simões R.S. - Neurofisiologia da Meditação - Editora Phorte - pág. 220 . 2006
(2). ... - pág. 245 . 2006

Fontes:
1. Guimarães M.T. - Prática de Meditação
2. Guimarães C.E. - ABRA - 2009

 

* Imagens utilizadas são ilustrativas.
Atendimento:
Telefone (31) 982322611 E-mail: viniciusjpaiva@gmail.com







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